A banda foi criada em 1995,
na cidade de Brasília, DF, e conta atualmente com Hécate (vocais e teclados),
Thormianak (guitarra), Mist (baixo) e Nathan (bateria) na sua formação; mas, tem ainda Ricardo
Imperious (guitarra), Mictlantecutli (bateria), Hamon (bateria), Under Son (bateria),
Lord Melancholy (teclado) e Vlad D'Hades (baixo) como ex-integrantes. As músicas refletem a cultura pagã das américas,
essencialmente da América do Sul, com uma atmosfera mítica dos cultos indígenas, exaltando
a resistência dessas culturas à invasão europeia. A opressão cristã e toda a
sangria desferida contra os ancestrais do povo vermelho também são fortes nas letras dessa grande banda.
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Miasthenia no Caverna's Bar, em Cuiabá (2011) |
O Miasthenia representa o melhor em diversos aspectos da cena extrema
nacional: a atmosfera épica/obscura é
encantadora; as letras trazem o
esclarecimento que nossa sociedade "religiosa e livre" consome
diariamente com aspereza e violência; o instrumental
traz à tona a agressividade do Black Metal, sem no entanto, tornar-se obsoleto
e cair na mesmice do que a maioria das bandas do gênero faz hoje. É uma banda
extraordinária entre tantas que os fãs do metal negro cativam, mas é única no
que faz, e este orgulho é prazer para poucos. Ouvir um novo álbum da banda
implica em apreciar a qualidade de uma música forte e intensa, os três
primeiros trabalhos da banda asseguram essa qualidade. Foi extraordinário como
a banda evoluiu sem perder nada, superando a excelência já existente. Os discos
ficaram mais agressivos, mas em nenhum momento tornou-se uma banda com
instrumental "sujo", mal feito e sem criatividade, além de jamais
perder a melodia característica.
Os trabalhos de gravação começaram em 1995, quando foram
lançados um split (com a banda Lament) e uma demo (Para o Encanto do Sabbat). Três anos depois um outro split foi
gravado (Visions Of Nocturnal Tragedies),
dessa vez com a banda Songe D’Enfer. Em 2000, o Miasthenia lançou seu debut.
Confira a seguir algumas informações sobre os 3 álbuns da banda e seu DVD (as resenhas
foram retiradas do site whiplash.net).
Miasthenia – XIV
Ano de Lançamento: 2000
Tempo de Duração: 42 min
Músicas: Miasthenia
Letras: Hécate
Mixagem: Blue Records
Masterização: Jams Studio
Gravadora: Somber Music
Line-Up: Hécate (vocais/teclados/violão),
Thormianak (guitarras), Mist (contra-baixo) e Mictlantecutli (bateria)
Resenha: "XVI"
apresenta um Black Pagan Metal que foge
da pancadaria desenfreada, e prima por músicas mais cadenciadas, com passagens
soturnas e com grande ênfase nos teclados, a cargo de Hécate, que depois da
saída de Vlad, assumiu também a função de vocalista, dando mais variações às
músicas, alternando momentos mais limpos com outros completamente urrados. Além
das músicas serem todas cantadas em português, outro fator que também os
diferencia das outras bandas do estilo são as letras, que não seguem a linha
"Satan & Evil", sendo calcadas nos antigos mitos Incas, Astecas e
Maias, além de relatar antigas batalhas em terras sul-americanas pela honra e
cultura Pagã no século XVI. Os destaques do CD ficam por conta de
"Lagrimones do Falcão", "XVI" e a excepcional "Rituais
de Rebelião", que sem dúvida alguma, se trata de uma das melhores músicas
já feitas pela banda.
Miasthenia – Batalha Ritual
Ano de Lançamento: 2004
Tempo de Duração: 51 min
Músicas: Miasthenia
Letras: Hécate
Mixagem: AREA 13 Estúdios
Masterização:
AREA 13 Estúdios
Gravadora: Somber Music
Line-Up: Hécate (vocais/teclados),
Thormianak (guitarras), Mist (contra-baixo) e Mictlantecutli (bateria)
Resenha: Estando ainda em
seu segundo álbum, o Miasthenia é uma daquelas raríssimas bandas que podem se
orgulhar de ter uma identidade própria. A começar pela temática, que passa bem
longe de todos os clichês do black metal. Rituais religiosos que envolvem,
dentre outras coisas, sacrifícios humanos, totemismo e a interminável luta
contra os exploradores de além-mar são constantes ao longo das nove faixas de
Batalha Ritual. A banda mostra um cuidado pouco usual com a parte lírica, sem
se esquecer de compor bases fortes, repletas de construções melódicas capazes
de transportar o ouvinte para as florestas sul-americanas em um período
anterior à chegada dos europeus. A utilização de elementos “modernos” na parte
instrumental não tira a forte identificação do grupo com o black metal mais
tradicional, especialmente o da cena norueguesa do início dos anos 90. Não há
grandes mudanças em termos estilísticos, mas é inegável a evolução por que
passou o grupo nos últimos quatro anos. O instrumental está bem mais coeso,
quando comparado ao trabalho anterior – o magnífico XVI (2000), outro marco em
termos de Metal Negro no Brasil. Todos os músicos evoluíram muito, mas não há
como negar que o guitarrista Thormianak é um dos maiores responsáveis pelo
status de clássico imediato alcançado por esse trabalho. É impressionante o que
se ouve em faixas como “De Natureza Infernal” (um dos mais belos solos de
guitarra que eu já tive oportunidade de ouvir em uma banda com essa proposta).
Os riffs de “Nos Domínios de Cã” por si só valeriam o disco. Mas existem outros
elementos que acabam transformando Batalha Ritual numa espécie de totem para o
black metal brasileiro. Os teclados – cuja timbragem ficou prejudicada no
lançamento anterior – agora soam sombrios e indispensáveis. Influência de
death/thrash metal e, acredite-me, até de NWOBHM podem ser ouvidas em quase
todas as faixas. Os elementos melódicos – como na lindíssima faixa instrumental
“Mítica Escuridão do Eldorado” – são usados na medida exata, o que não
descaracteriza o Miasthenia como uma autêntica horda adepta do metal extremo,
ao mesmo tempo em que lhes garante a originalidade desejada por tantos grupos
não apenas de black metal, mas em todas as vertentes da música pesada.
Miasthenia – Supremacia Ancestral
Ano de Lançamento: 2008
Tempo de Duração: 42 min
Músicas: Miasthenia
Letras: Hécate
Mixagem: Broadband Estúdio
Masterização:
Broadband Estúdio
Gravadora: Somber Music
Line-Up: Hécate (vocais/teclados),
Thormianak (guitarras), Mist (contra-baixo) e Hamon (bateria)
Resenha: O Miasthenia tem
como conceito neste registro a narração das inúmeras resistências indígenas à
inquisição e catequização ocorridas pelos europeus nas três Américas coloniais.
E a preocupação que os músicos têm em passar toda essa informação –
tradicionalmente cantada em português –
é tal que até mesmo a inserção de breves textos introdutórios relativos a cada
canção se fazem presentes, um verdadeiro deleite aos apaixonados pela História.
Não existem novas idéias flutuando sobre os arranjos, afinal, o conjunto já tem
um estilo definido há tempos. Não seria equivocado dizer que o Miasthenia segue
praticamente com uma mescla do que apresentou no passado, com passagens
cadenciadas dando lugar a outras mais velozes, e tendo nos teclados o
importante papel que garante toda a sensação épica que as canções necessitam. E
creio que seja totalmente desnecessário citar as exclusivíssimas linhas vocais
de madame Hecate, correto? As canções são longas, mas toda a estrutura é tão
bem planejada, com tal paixão e fúria, que o ouvinte fica impressionado com o
alcance e profundidade do repertório. A sinergia entre as letras e os arranjos
propriamente ditos está em tal nível que é praticamente impossível não existir
um envolvimento emocional que gradativamente evoque imagens apocalípticas à sua
mente. “Supremacia Ancestral” é um álbum nascido de conflitos históricos e nada
poderia servir melhor ao Miasthenia, que novamente comprova que o sentido de
rebelião inerente ao Black Metal pode – e talvez deva – ir além do puro ódio
desenfreado. Dito isto, há muitas bandas do gênero no exterior, mas estamos a
falar de um dos melhores grupos que o Brasil tem para oferecer.
Miasthenia – O Ritual da Rebelião (DVD)
Ano de Lançamento: 2011
Tempo de Duração: 113 min
Produção: Thormianak e Caio Duarte
Edição: Caio Duarte (Broadband Studio)
Gravadora: Mutilation Records
Resenha: A Mutilation Records
lançou o primeiro DVD oficial da horda brasiliense, que foi editado por Caio
Duarte e trouxe apresentações ao vivo realizadas em diversas cidades do Brasil (Campo
Grande, Cuiabá, São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Jundiaí, Belo
Horizonte, entre outras) durante os anos de 2000 até 2010, e mostra de forma
fiel a fúria pagã entoada em cânticos pelo quarteto candango.