quarta-feira, 23 de maio de 2012

Ao Alcance da Obscuridade





Quão inexplicável é a sensação das trevas,
Advinda das mais soturnas aspirações,
Do paradoxo entre a coragem e o medo,
Da força destinada a quem toca sua imensidão.



E assim, compelido pela força Luciferiana,
Enquanto a luz do paraíso padece,
O prazer emana da escuridão dos pesadelos,
Ao que a impureza das palavras declama.



Senhor, que nos traz a luz do esclarecimento;
Que nos eleva ao patamar de teu conhecimento;
Grande temor dos fracos, omissos e inertes;
Semeia tua soberania no universo.



Meu ódio, rancor... minha ira mais intensa
São apologéticas sombras em teu reino.
Este reino, que sou eu mesmo;
Deste Senhor, que é meu Inferno Interior.


quarta-feira, 16 de maio de 2012

A Verdadeira Revolução Proposta em Zeitgeist II



Os filmes Zeitgeist, são documentários produzidos com a intenção de despertar as pessoas para questões pouco tratadas, assuntos que representam através da manipulação midiática, a força econômica de poderosas instituições. São dirigidos por Peter Joseph, fundador do The Zeitgeist Movement que possui mais de 30 000 inscritos no mundo todo, sendo mais de 5 000 em Portugal, 8 000 inscritos no Brasil e 11 000 na Argentina. Joseph distribui os vídeos gratuitamente na internet, como forma de atingir maior alcance de informações. Zeitgeist: Addendum (2008) é o segundo dos documentários; dá continuidade a Zeitgeist: The Film (2007) e é sequenciado por Zeitgeist: Moving Forward (2011). Passando por assuntos como o Sistema de Reserva Federal dos Estados Unidos, a CIA, grandes corporações, governos e religião, Zeitgeist II expande com extrema riqueza os tratados feitos no primeiro filme. Como seria inevitável, a grande máquina do capitalismo também faz parte de seu contexto, visto que a busca pelo lucro e as atitudes desleais em busca de objetivos pouco humanitários é a essência da sociedade contemporânea.





Zeitgeist: Addendum

“Veremos o quão importante é trazer para a mente humana a revolução radical. [...] Essa crise não pode mais aceitar as velhas normas, os velhos padrões, as antigas tradições. E, considerando o que o mundo é hoje, com toda a miséria, conflito, brutalidade destrutiva, agressão [...] O homem ainda é o mesmo de antes. Ainda é bruto, violento, agressivo, acumulador, competitivo. Ele construiu uma sociedade nestes termos”. É com essas palavras de Jiddu Krishnamurti que inicia-se Zeitgeist: Addendum, propondo que uma grande transformação na sociedade só será possível quebrando-se a hegemonia escravocrata que o sistema financeiro mundial impôs sobre a humanidade.



Parte I

“Não é demonstração de saúde ser bem ajustado a uma sociedade profundamente doente.” (Jiddu Krishnamurti - Filósofo, Escritor, e Educador Indiano)


Na parte inicial, o Sistema Monetário é apresentado como a instituição que controla e oprime todos os patamares da vida social no mundo. Exibe a forma como age o sistema bancário estadunidense chamado Reserva Federal criando dinheiro do nada e obtendo cada vez mais lucro num processo cíclico de geração de riqueza e exploração. Num sistema de reservas fracionadas, a moeda sempre é depreciada e títulos de dívidas, sob posse dos bancos, é o único produto que cresce em valor. Como o dinheiro depreciado circula livremente no comércio e com valor real cada vez menor, os preços são elevados e as pessoas precisam competir por empregos e trabalhar cada vez mais para custear suas despesas. Tudo isso é gerado pela realização de empréstimos e já ocorre sem que a cobrança de juros seja considerada, gerando um sistema de endividamento perpétuo e inevitável num sistema moderno de escravidão. Marriner Eccles, Governador da Reserva Federal, afirmou, em 1941: “Se não houvesse dívidas em nosso sistema financeiro, não haveria dinheiro”.


Parte II

“Há dois modos de subjulgar e escravizar uma nação. Um é pela força, o outro é pelas dívidas.” (John Adams – Segundo Presidente dos Estados Unidos)


Na segunda parte é mostrado como trabalham os “assassinos econômicos”. São agentes que estimulam líderes de países com recursos como o petróleo, a realizar enormes empréstimos ao Banco Mundial, adquirindo uma dívida que a população não consegue pagar. Através do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial a dívida é renegociada com juros obrigando o país a vender suas estatais e recursos naturais ou prestar apoio militar, dentro ou fora de seu território. Na década de 50, no Irã, Mohammad Mossadegh foi eleito democraticamente com a bandeira de que o petróleo iraniano deveria servir ao povo do Irã, mas foi deposto através de um plano arquitetado pela CIA e substituído por um líder que apoiava intervenções. Na mesma década, na Guatemala, Árbenez tornou-se presidente afirmando que queria devolver a terra para as pessoas, numa afronta ao domínio da United Fruit e outras corporações internacionais. Ao iniciar as ações que realizariam o que prometeu, Álbenez foi alvo de uma campanha estadunidense para tirá-lo do poder, e assim aconteceu. Em seguida, seu sucessor devolveu todo o poder às empresas que Álbenez combatia. Caso semelhante aconteceu também no Equador, na década de 80, onde Jaime Roldós foi assassinado após negar-se a participar de negócios envolvendo o petróleo equatoriano. Omar Torrijos, Presidente do Panamá, teve o mesmo fim. Em ambos os casos as mortes envolveram supostos acidentes aéreos. Uma tentativa fracassada foi realizada na Venezuela, de Hugo Chávez, e outra com sucesso no Iraque, culminando na morte de Saddam Hussein. Os eventos são narrados por John Perkins, que afirma existir mais escravidão hoje no mundo do que em qualquer outra época, onde os “imperadores” são os que gerenciam as grandes empresas, controlando a mídia e a maioria dos políticos via financiamento de campanhas e doações pessoais.


Esse sistema permite o controle de um país através da dívida, impondo condições como desvalorização da moeda, corte no financiamento de programas sociais (como educação e saúde), privatização de empresas públicas, liberação do comércio ou abertura da economia. Alguns dados demonstram as desigualdades crescentes no mundo e motivados por essas ações; enquanto o PIB global cresceu 40% entre 1970 e 1985, a margem de pessoas na faixa de pobreza cresceu 17%. Uma das causas é a forma como o dinheiro de um país é utilizado de forma inadequada. De acordo com o centro nacional anti-terrorismo dos Estados Unidos, cerca de 2 000 pessoas foram mortas em supostos atos terroristas em 2004; desse número, apenas 70 eram estadunidenses, enquanto o dobro de pessoas morrem de alergia a amendoim por ano e a causa principal de mortes no país são as doenças coronárias (450 mil mortes por ano). Ainda assim, os fundos destinados para o governo nessa área foram de cerca de 3 bilhões de dólares, ou seja, 54 vezes mais foi investido no combate ao “terrorismo” que no controle da doença que mata 6 600 mais que o terrorismo. Um outro fato interessante também citado é que antes de 1980 o Afeganistão produzia 0% do ópio mundial; após ser apoiado pelos Estados Unidos e pela CIA passaram a produzir, em 1986, 40% da heroína mundial, e em 1999 estavam produzindo 80% do total do mercado. Em 2000 os talibãs assumiram o poder e destruíram a maioria dos campos de ópio derrubando a produção de 3 000 toneladas para 185 (redução de cerca de 94º). Em 9 de setembro de 2001 os planos para invadir o país estavam na mesa do presidente Bush, e dois dias depois tinham uma desculpa para fazê-lo. Hoje, o Afeganistão fornece cerca de 90% da heroína do mundo, quebrando recordes ano após ano.


Parte III

“A ganância e a corrupção não são o resultado de um temperamento humano imutável. Ganância e medo da escassez na verdade são criados e ampliados. A consequência direta disso é que temos que lutar uns com os outros para sobreviver.” (Bernard Lietaer – Fundador do Sistema Monetário dos Estados Unidos)


Jacques Fresco, desenhista industrial e engenheiro social, inicia a terceira parte falando sobre o comportamento humano. Fresco defende que o comportamento das pessoas está diretamente ligado ao ambiente em que estão inseridas, então um mundo cruel, violento e desumano apenas produzirá esse tipo de perfil social. Se o modo de vida que temos é o responsável pela violência e tantos outros males da sociedade, as grandes questões de debate hoje não possuem o menor vestígio de solução para os problemas que vivemos e apenas uma mudança cultural do ser humano poderia dar início a grande revolução que todos (ou quase todos) precisam. Segundo Fresco, os governos perpetuam aquilo que o mantém no poder e são eleitos para manter as coisas como estão, não para melhorá-las. Como as pessoas não conhecem outro modo de vida, defendem que essa postura seja permanente quaisquer que sejam seus líderes. Ele afirma ainda que a corrupção faz parte da sociedade e que ela é base de todas as nações, pois lutam pra conservar esse sistema. Logo, comunismo, socialismo, fascismo, neoliberalismo e todos os outros subsistemas são a mesma coisa e tem como base a corrupção. A busca pelo lucro seria a essência de tudo isso, fazendo as pessoas desacreditarem umas nas outras, pois é de conhecimento de muitos que a indústria não se importa com as pessoas e não pode ser ética. O sistema não foi projetado para servir as pessoas, mas ao dinheiro. Nessa ótica, a China comunista é tão capitalista quanto os Estados Unidos, mudando apenas o grau de interferência do governo nas empresas do país. Portanto, a corrupção não é um subproduto do monetarismo, é a sua base, e nesse processo o dinheiro, a política, a religião não tem poder algum, a tecnologia é a resposta. De acordo com essa ideia, a tecnologia seria o maior potencial para o desenvolvimento mundial e esta funciona hoje a serviço da produção de escassez de recursos básicos e como alimento para a força do capitalismo, produzindo necessidades supérfluas e mais miséria.

Jacques Fresco e uma Proposta de Construção do Projeto Vênus


Fresco é o homem a frente do Projeto Vênus, cujo ideal se caracteriza pela remodelação dos valores sociais que temos hoje, em diversos aspectos, inclusive sobre a ideia de sustentabilidade. O Venus Project existe desde os anos 70, mas a organização só foi fundada em 1995 por Fresco e Roxanne Meadows, recebendo esse nome em homenagem a cidade de Venus (Flórida, EUA) onde se localiza seu centro de pesquisa, com mais de 100 000 m2 de extensão. Além do centro, vídeos, panfletos e o livro “The Best That Money Can't Buy: Beyond Politics, Poverty, and War”, foram construído para expandir as propostas do Venus. Um filme será produzido, simulando as consequências da adesão ao projeto; cidades experimentais também serão construídas além de um parque temático. De acordo com o Venus Project as formas de energia usadas atualmente o fazem apenas em benefício do capital, outras fontes tornariam obsoletas a competição e a escassez. Como referência podemos usar o fato de que em uma hora de luz ao meio-dia se produz mais energia do que o mundo consome em um ano, e captando um centésimo dessa energia nunca mais seria necessário usar petróleo, gás ou qualquer outra fonte limitada e poluente. Ainda existem outras alternativas, como a energia eólica, das marés e geotérmica. “Há uma propensão, por sua religião e filosofia dominantes, de apoiar pontos de vista fascistas, e a indústria americana é basicamente uma instituição fascista”, afirma Jacques. A mão de obra, a prestação de serviço e tantos outros aspectos ligados à industria são armas para a exploração e nunca seremos livres se o sistema vigente não for destruído.


Parte IV

“Minha pátria é o mundo, e minha religião é fazer o bem.” (Thomas Paine – Um dos Fundadores dos Estados Unidos da América)


No trecho final, o documentário apresenta a ideia de que os males que corroem a vida das pessoas se dão pela ignorância coletiva referente a duas percepções sobre a realidade: os aspectos “emergentes” e o “simbióticos” das leis da natureza. Nesse sentido, as religiões teistas teriam um papel retrógrado e de irrelevância social, pois condicionam as pessoas a uma visão de mundo fechada, onde a lógica e novas informações são rejeitadas em função de crenças tradicionais e atrasadas. “Antigamente as pessoas não sabiam como as coisas se formavam, como a natureza funcionava [...] e inventaram Deus à sua própria semelhança: um sujeito que fica bravo quando as pessoas não se comportam bem, que cria inundações, terremotos [...]”, diz Jacques Fresco. Uma demonstração de que crenças religiosas causaram mais divisão e conflito que qualquer outra ideologia é o cristianismo, que possui mais de 34 mil subgrupos. É necessário alcançar a concepção de que cada pessoa e cada fragmento da natureza faz parte de uma unidade, mas não na mesma ideia proposta pela religião; é preciso trabalhar juntos para construir uma sociedade global e sustentável, onde cuidamos de todos e todos são livres. As crenças pessoais não contribuem para isso, separam humanidade, e políticos também são inúteis pois os problemas que temos não são políticos. Algumas sugestões são apresentadas para desestabilizar esse sistema:


  • Boicotar grandes instituições bancárias como Citibank, JP Morgan Chase e Bank Of America;
  • Desligar-se do noticiário da TV e consultar fontes de notícia independentes de notícia na internet;
  • Não se alistar no exército, que trabalha para manter o establishment do sistema vigente;
  • Parar de sustentar companhias de energia, fazendo de seu lar um ambiente o mais autossustentável possível;
  • Rejeitar o sistema político, que prega a ilusão da democracia;
  • Juntar-se ao Movimento Zeitgeist, mobilizando e educando as pessoas sobre a corrupção presente no sistema mundial atual.


Os Estados Unidos dão uma demonstração de como os esforços das pessoas são consumidos erroneamente, gastando cerca de 500 bilhões de dólares todo ano com defesa, dinheiro suficiente para enviar todos os graduandos de ensino médio para uma faculdade de quatro anos. Para mudar tudo isso é imprescindível mudar nosso comportamento para que a estrutura do poder seja submetido à vontade das pessoas. A única verdadeira solução sustentável é declarar todos os recursos naturais no planeta como bem comum a todas as pessoas, pois é dele que depende a tecnologia que tornaria todos livres, trabalhando juntos em vez de brigar. A escolha está com cada um. Ser escravo do sistema financeiro, assistindo a guerras, depressões e injustiças enquanto se distrai com entretenimento fútil e lixo materialista ou dedicar-se a uma mudança verdadeira de sustentar e libertar todos os humanos, sem deixar ninguém para trás? A verdadeira revolução é a revolução da consciência, portanto a primeira mudança deve ocorrer dentro de cada um. Após essa narração do diretor Peter Joseph, são novamente as palavras de Jiddu Krishnamurti que encerram o documentário:

“O que estamos tentando, com toda essa discussão e retórica, é ver se não podemos fazer acontecer uma radical transformação da mente. Não aceitar as coisas como elas são, entendê-las, mergulhar nelas, examiná-las. Use seu coração, sua mente, tudo o que você tem pra descobrir um jeito diferente de viver. Mas, isso depende de você e de mais ninguém. Por que nisso não há professor, nem aluno, não há líder, não há guru, não há mestre, não há salvador, você mesmo é o professor, o aluno, o mestre, o guru, o líder, você é tudo. E, entender é transformar o que há”.

domingo, 6 de maio de 2012

Quadrinhos x Cinema


Facilmente, podemos perceber como o cinema tem aumentado seus investimentos em adaptações de histórias em quadrinhos, até chegar ao patamar impressionante que temos atualmente. Muitas HQs foram alvos da onda que tem atingido as bilheterias de todo o mundo, a exemplo de: 300, Capitão América, Conan, Constantine, Demolidor, Dragon Ball, Elektra, Hellboy, Homem Aranha, Homem de Ferro, Hulk, Jonah Hex, Justiceiro, Lanterna Verde, Motoqueiro Fantasma, Quarteto Fantástico, Sin City, Spirit, Super-Homem e Thor.


Para quem nunca leu uma história desses personagens assistir esses filmes tem sido uma grande sensação, ou tão satisfatório quanto ver vários outros filmes de ação e aventura, mas, para os fãs do mundo dos quadrinhos, cada produção dessa é motivo para uma experiência sem igual, onde cada detalhe faz uma enorme diferença na forma como o filme é visto. Entretanto, não são pequenos detalhes que têm destacado a diferença entre uma boa e uma má adaptação, absurdos têm feito parte de algumas produções ao ponto de mal reconhecermos os personagens usados como referência (é tudo que alguns foram em situações mais críticas, referência). O que dizer de um Homem Aranha babaca, de um Homem de Ferro lutando no Afeganistão, de um Hal Jordan brincalhão ou do Deus do Trovão dando uma piscadinha pra sua mãe durante uma cerimônia em Asgard? Dada a ambição dos estúdios com a diversidade do público que irão atingir, seria uma grande novidade que em, pelo menos, boa parte dessas filmagens as histórias dos gibis fossem melhor consideradas.


Tomemos aqui com mais precisão o que foi feito com Batman, Watchmen e X-Men, da década de 80 até hoje.


O primeiro filme de Batman, considerando o período citado, foi Batman – O Filme (1989), que contou com a direção de Tim Burton teve Michael Keaton no papel do Homem Morcego. Como Keaton tinha seu rosto ligado à personagens de comédia, muito fã torceu o nariz para a escolha. Também fizeram parte do cast nomes como Jack Palance, Kim Basinger e Jack Nicholson, que retratou como ninguém o Coringa das histórias em quadrinhos. A direção de Burton deu uma atmosfera obscura ao filme, mergulhando os telespectadores numa profunda abstração do ambiente de Gotham City. Batman – O Retorno (1992) foi o segundo filme da série, onde Pinguim (Danny DeVito) e Mulher Gato (Michelle Pfeiffer) foram os vilões. Algumas cenas de violência e sensualidade foram marcantes, além de toda ambientação presente no filme anterior. Esses dois ótimos filmes marcaram a passagem de Tim Burtom e Michael Keaton pelas histórias de Batman, pois em Batman Eternamente (1995) a direção ficou a encargo de Joel Schumacher e o papel do Morcego foi assumido por Val Kilmer. Os dois tiveram a péssima ideia de fazer parte dessa produção que contou com a participação de personagens como Charada (Jim Carrey), Duas-Caras (Tommy Lee Jones) e Robin (Chris O'Donnell), em sua primeira aparição na série. Edward Nygma e Harvey Dent estavam irreconhecíveis nessa que foi uma das piores histórias feitas para Batman nos cinemas, superada em degradação apenas pela versão seguinte, Batman & Robin (1997). Novamente com a direção de Joel Schumacher, o personagem foi exposto a uma história ridícula, envolvendo os vilões Bane (Jeep Swenson), Hera Venenosa (Uma Thurman) e Mr. Freeze (Arnold Schwarzenegger). Chegou a ser indicado para Pior Filme na cerimônia do Framboesa de Ouro. George Clooney fez o papel do herói enquanto Chris O'Donnell continuou como o menino prodígio e Alicia Silverstone representou a Batmoça.

Batman - O Filme
Batman - O Retorno

Batman Eternamente
Batman & Robin


Com o fracasso de Batman & Robin, a Warner Bros não manteve o interesse de fazer uma continuação. Porém, em 2005, foi lançado Batman Begins, dirigido por Christopher Nolan e estrelado por Christian Bale como Batman. Neste, a proposta era contar a história de Bruce Wayne e sua trajetória até assumir o manto do morcego. Numa perspectiva de mais realismo que as versões de Tim Burton, recebeu uma continuação 3 anos depois: O Cavaleiro das Trevas. Nolan e Bale repetiram suas funções neste filme onde o Heath Ledger cativou o público no papel do Coringa. Ledger é dito por muitos como o melhor a atuar como o palhaço, no entanto, não é possível comparar sua atuação com a de Jack Nicholson porque as propostas dos dois filmes eram bastante diferentes. As versões de Burton tinham uma caracterização mais surreal, enquanto as de Nolan prezaram por uma aproximação maior com a realidade e pelo uso de certos incrementos (como um batmóvel que parece um tanque de guerra e uma moto de proporções bem exageradas).


Batman Begins
O Cavaleiro das Trevas


Watchmen - O Filme veio da história em quadrinhos de mesmo nome criada pelo fantástico Alan Moore. O criador da HQ é um crítico inveterado das versões cinematográficas para histórias em quadrinhos, chegando a abrir mão de todos os direitos sobre as histórias só para não ter seu nome envolvido com as produções. Criador também de V de Vingança e roteirista de vários personagens consagrados (O Monstro do Pântano, Superman, Lanterna Verde), Moore chegou a afirmar: “[...] o cinema na sua forma atual é muito prepotente. Ele nos dá comida na boca, o que dilui nossa imaginação cultural coletiva. É como se fôssemos passarinhos recém-saídos dos ovos olhando pra cima, com nossas bocas bem abertas, esperando que Hollywood nos alimente com um vômito de vermes”. Do Inferno e Liga Extraordinária também foram adaptações de suas HQs. Watchmen, uma das melhores HQs de todos os tempos, teve sua versão para o cinema sob a direção de Jack Snyder, que também dirigiu o péssimo 300. Porém, o mesmo não afetou a história dos “Homens Minuto”, deslumbrante em vários aspectos, dentre eles: a escolha dos atores, a trilha sonora, a história, os uniformes dos heróis, os efeitos usados na medida certa. Foi a melhor versão cinematográfica de uma história em quadrinhos.


Alan Moore
Watchmen - O Filme

Homens Minuto


Com X-Men, a história não foi a mesma. Os heróis mutantes tem recebido péssimas versões, com mudanças esdrúxulas no perfil e na história de seus personagens, em todas as produções. Em X-Men – O Filme (2000) já presenciamos algo abominável como eixo da história: Magneto tentando transformar a ração humana, que ele odeia, em mutantes, sua espécie; algo extremamente contraditório. Um roteiro fraco, com personagens pouco interessantes e uma péssima escolha de atores, com exceção de Patrick Stewart (Charles Xavier), Hugh Jackman (Wolverine), James Marsden (Ciclope) e alguns outros poucos. É degradante ver Ian McKellen no papel de Magneto, Halle Berry como tempestade, Anna Paquin interpretando uma vampira inexistente nos quadrinhos e Rebecca Romijn na pele (literalmente na pele, apenas) de uma Mística usada como cão de guarda de Magneto. Nesses últimos dois casos o problema não estava diretamente nas atrizes, mas com os personagens do filme. A direção ficou por conta de Bryan Singer, diretor também de X-Men 2 (2003), onde o foco continua sendo o confronto entre humanos e mutantes, provocando uma aliança entre Magneto e Xavier. Bryan Singer deixou a direção depois de X2 para assumir Superman – O Retorno (outro desprestígio ao mundo dos quadrinhos), então Brett Ratner assumiu o posto em X-Men – O Confronto Final (2006). O terceiro filme não abandonou a mesmice dos outros dois, tratando ainda da rixa entre humanos comuns e a raça mutante. Também usou muito mal a aparição da Fênix, personagem de grande poder que teve uma participação num enredo bastante discreto, aquém do que merecia. Em todos esses filmes poucos vilões, considerando a diversidade e a riqueza das HQs, tiveram espaço; enquanto Magneto e sua Irmandade de Mutantes não saem de cena. Com o intuito de focar o passado de Wolverine, surge o quarto filme da franquia, X-Men Origens: Wolverine (2009), que também não impressiona. Gavin Hood dirigiu essa produção onde Hugh Jackman se destaca no papel principal, Taylor Kitsch (Gambit) quase não aparece e Ryan Reynolds (Deadpool) recebe uma excessiva relevância.

X-Men - O Filme
X-Men 2

X-Men - O Confronto Final
X-Men Origens: Wolverine


Baseando-se no início da relação do Professor X com Magneto e suas respectivas equipes, X-Men e Irmandade de Mutantes, X-Men – Primeira Classe (2011) também destaca os integrantes do Clube do Inferno (Sebastian Shaw, Emma Frost, Satânicos). Matthew Vaughn foi incumbido da direção. Apesar de possuir um enredo melhor que a franquia anterior, alguns aspectos desagradam em todas as produções. Uma delas é a relutância em não usar a formação original dos pupilos de Xavier: Ciclope, Jean Grey, Anjo, Gelo e Fera. Os uniformes criados para os 4 primeiros filmes foram uma afronta a qualquer leitor dos quadrinhos mutantes; no último filme, a “veia criativa” dos produtores foi mais moderada. As fugas constantes da história original também frustram qualquer fã incondicional de X-Men.


X-Men - Primeira Classe


Muitas “adaptações” para o cinema estão sendo produzidas ou planejadas, e todos os anos teremos os cinemas invadidos por leitores de revistas em quadrinhos (minoria) e “degustadores” de filmes de ação financiando o sucesso de filmes pouco originais e bastante superficiais. Talvez Alan Moore tenha razão...

quarta-feira, 2 de maio de 2012

A Supremacia do Miasthenia


A banda foi criada em 1995, na cidade de Brasília, DF, e conta atualmente com Hécate (vocais e teclados), Thormianak (guitarra), Mist (baixo) e Nathan (bateria) na sua formação; mas, tem ainda Ricardo Imperious (guitarra), Mictlantecutli (bateria), Hamon (bateria), Under Son (bateria), Lord Melancholy (teclado) e Vlad D'Hades (baixo) como ex-integrantes. As músicas refletem a cultura pagã das américas, essencialmente da América do Sul, com uma atmosfera mítica dos cultos indígenas, exaltando a resistência dessas culturas à invasão europeia. A opressão cristã e toda a sangria desferida contra os ancestrais do povo vermelho também são fortes nas letras dessa grande banda.

Miasthenia no Caverna's Bar, em Cuiabá (2011)

O Miasthenia representa o melhor em diversos aspectos da cena extrema nacional: a atmosfera épica/obscura é encantadora; as letras trazem o esclarecimento que nossa sociedade "religiosa e livre" consome diariamente com aspereza e violência; o instrumental traz à tona a agressividade do Black Metal, sem no entanto, tornar-se obsoleto e cair na mesmice do que a maioria das bandas do gênero faz hoje. É uma banda extraordinária entre tantas que os fãs do metal negro cativam, mas é única no que faz, e este orgulho é prazer para poucos. Ouvir um novo álbum da banda implica em apreciar a qualidade de uma música forte e intensa, os três primeiros trabalhos da banda asseguram essa qualidade. Foi extraordinário como a banda evoluiu sem perder nada, superando a excelência já existente. Os discos ficaram mais agressivos, mas em nenhum momento tornou-se uma banda com instrumental "sujo", mal feito e sem criatividade, além de jamais perder a melodia característica.

Os trabalhos de gravação começaram em 1995, quando foram lançados um split (com a banda Lament) e uma demo (Para o Encanto do Sabbat). Três anos depois um outro split foi gravado (Visions Of Nocturnal Tragedies), dessa vez com a banda Songe D’Enfer. Em 2000, o Miasthenia lançou seu debut. Confira a seguir algumas informações sobre os 3 álbuns da banda e seu DVD (as resenhas foram retiradas do site whiplash.net).

Miasthenia – XIV

Ano de Lançamento: 2000
Tempo de Duração: 42 min
Músicas: Miasthenia
Letras: Hécate
Mixagem: Blue Records
Masterização: Jams Studio
Gravadora: Somber Music
Line-Up: Hécate (vocais/teclados/violão), Thormianak (guitarras), Mist (contra-baixo) e Mictlantecutli (bateria)


Resenha: "XVI" apresenta um Black Pagan Metal  que foge da pancadaria desenfreada, e prima por músicas mais cadenciadas, com passagens soturnas e com grande ênfase nos teclados, a cargo de Hécate, que depois da saída de Vlad, assumiu também a função de vocalista, dando mais variações às músicas, alternando momentos mais limpos com outros completamente urrados. Além das músicas serem todas cantadas em português, outro fator que também os diferencia das outras bandas do estilo são as letras, que não seguem a linha "Satan & Evil", sendo calcadas nos antigos mitos Incas, Astecas e Maias, além de relatar antigas batalhas em terras sul-americanas pela honra e cultura Pagã no século XVI. Os destaques do CD ficam por conta de "Lagrimones do Falcão", "XVI" e a excepcional "Rituais de Rebelião", que sem dúvida alguma, se trata de uma das melhores músicas já feitas pela banda.

Miasthenia – Batalha Ritual

Ano de Lançamento: 2004
Tempo de Duração: 51 min
Músicas: Miasthenia
Letras: Hécate
Mixagem: AREA 13 Estúdios
Masterização: AREA 13 Estúdios
Gravadora: Somber Music
Line-Up: Hécate (vocais/teclados), Thormianak (guitarras), Mist (contra-baixo) e Mictlantecutli (bateria)


Resenha: Estando ainda em seu segundo álbum, o Miasthenia é uma daquelas raríssimas bandas que podem se orgulhar de ter uma identidade própria. A começar pela temática, que passa bem longe de todos os clichês do black metal. Rituais religiosos que envolvem, dentre outras coisas, sacrifícios humanos, totemismo e a interminável luta contra os exploradores de além-mar são constantes ao longo das nove faixas de Batalha Ritual. A banda mostra um cuidado pouco usual com a parte lírica, sem se esquecer de compor bases fortes, repletas de construções melódicas capazes de transportar o ouvinte para as florestas sul-americanas em um período anterior à chegada dos europeus. A utilização de elementos “modernos” na parte instrumental não tira a forte identificação do grupo com o black metal mais tradicional, especialmente o da cena norueguesa do início dos anos 90. Não há grandes mudanças em termos estilísticos, mas é inegável a evolução por que passou o grupo nos últimos quatro anos. O instrumental está bem mais coeso, quando comparado ao trabalho anterior – o magnífico XVI (2000), outro marco em termos de Metal Negro no Brasil. Todos os músicos evoluíram muito, mas não há como negar que o guitarrista Thormianak é um dos maiores responsáveis pelo status de clássico imediato alcançado por esse trabalho. É impressionante o que se ouve em faixas como “De Natureza Infernal” (um dos mais belos solos de guitarra que eu já tive oportunidade de ouvir em uma banda com essa proposta). Os riffs de “Nos Domínios de Cã” por si só valeriam o disco. Mas existem outros elementos que acabam transformando Batalha Ritual numa espécie de totem para o black metal brasileiro. Os teclados – cuja timbragem ficou prejudicada no lançamento anterior – agora soam sombrios e indispensáveis. Influência de death/thrash metal e, acredite-me, até de NWOBHM podem ser ouvidas em quase todas as faixas. Os elementos melódicos – como na lindíssima faixa instrumental “Mítica Escuridão do Eldorado” – são usados na medida exata, o que não descaracteriza o Miasthenia como uma autêntica horda adepta do metal extremo, ao mesmo tempo em que lhes garante a originalidade desejada por tantos grupos não apenas de black metal, mas em todas as vertentes da música pesada.

Miasthenia – Supremacia Ancestral

Ano de Lançamento: 2008
Tempo de Duração: 42 min
Músicas: Miasthenia
Letras: Hécate
Mixagem: Broadband Estúdio
Masterização: Broadband Estúdio
Gravadora: Somber Music
Line-Up: Hécate (vocais/teclados), Thormianak (guitarras), Mist (contra-baixo) e Hamon (bateria)


Resenha: O Miasthenia tem como conceito neste registro a narração das inúmeras resistências indígenas à inquisição e catequização ocorridas pelos europeus nas três Américas coloniais. E a preocupação que os músicos têm em passar toda essa informação – tradicionalmente  cantada em português – é tal que até mesmo a inserção de breves textos introdutórios relativos a cada canção se fazem presentes, um verdadeiro deleite aos apaixonados pela História. Não existem novas idéias flutuando sobre os arranjos, afinal, o conjunto já tem um estilo definido há tempos. Não seria equivocado dizer que o Miasthenia segue praticamente com uma mescla do que apresentou no passado, com passagens cadenciadas dando lugar a outras mais velozes, e tendo nos teclados o importante papel que garante toda a sensação épica que as canções necessitam. E creio que seja totalmente desnecessário citar as exclusivíssimas linhas vocais de madame Hecate, correto? As canções são longas, mas toda a estrutura é tão bem planejada, com tal paixão e fúria, que o ouvinte fica impressionado com o alcance e profundidade do repertório. A sinergia entre as letras e os arranjos propriamente ditos está em tal nível que é praticamente impossível não existir um envolvimento emocional que gradativamente evoque imagens apocalípticas à sua mente. “Supremacia Ancestral” é um álbum nascido de conflitos históricos e nada poderia servir melhor ao Miasthenia, que novamente comprova que o sentido de rebelião inerente ao Black Metal pode – e talvez deva – ir além do puro ódio desenfreado. Dito isto, há muitas bandas do gênero no exterior, mas estamos a falar de um dos melhores grupos que o Brasil tem para oferecer.

Miasthenia – O Ritual da Rebelião (DVD)

Ano de Lançamento: 2011
Tempo de Duração: 113 min
Produção: Thormianak e Caio Duarte
Edição: Caio Duarte (Broadband Studio)
Gravadora: Mutilation Records


Resenha: A Mutilation Records lançou o primeiro DVD oficial da horda brasiliense, que foi editado por Caio Duarte e trouxe apresentações ao vivo realizadas em diversas cidades do Brasil (Campo Grande, Cuiabá, São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Jundiaí, Belo Horizonte, entre outras) durante os anos de 2000 até 2010, e mostra de forma fiel a fúria pagã entoada em cânticos pelo quarteto candango.


É possível acompanhar informações sobre a banda em suas páginas no Myspace (www.myspace.com/miasthenia) e no Facebook (www.facebook.com/miasthenia).